Exercício Físico no combate a Sarcopenia e Fragilidade
- Roberto Oliveira
- 11 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de jun.

O envelhecimento populacional é uma realidade global, e com ele, surgem desafios de
saúde específicos que afetam a qualidade de vida dos idosos. Entre esses desafios, a
sarcopenia e a fragilidade se destacam como síndromes geriátricas de grande impacto.
A sarcopenia, caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa e força
muscular, e a fragilidade, um estado de vulnerabilidade que aumenta o risco de eventos adversos à saúde, como quedas, hospitalizações e morte, são condições interligadas que comprometem significativamente a autonomia e o bem-estar dos indivíduos mais velhos.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) tem enfatizado a
importância do diagnóstico precoce e da intervenção adequada para essas condições.
Embora o diagnóstico formal da sarcopenia possa ser complexo e exigir métodos que
nem sempre estão disponíveis, ferramentas de rastreio simples e eficazes, como o
escore SARC-F, desenvolvido no Brasil, podem auxiliar na identificação de indivíduos em risco.
A sarcopenia é mais do que uma simples perda de massa muscular relacionada à idade; é uma doença progressiva que afeta a funcionalidade e a capacidade de realizar
atividades diárias. A diminuição da força e potência muscular, que acompanha a
sarcopenia, pode levar a um desempenho físico prejudicado, tornando tarefas rotineiras como caminhar, levantar-se de uma cadeira ou subir escadas, mais difíceis e arriscadas.
A fragilidade, por sua vez, é um conceito mais abrangente, que reflete uma diminuição
da reserva fisiológica e da capacidade de resposta ao estresse. Indivíduos frágeis são
mais suscetíveis a eventos adversos, mesmo diante de pequenos desafios. A perda de
massa muscular e força, características da sarcopenia, são componentes cruciais da
fragilidade, criando um ciclo vicioso que pode levar a um declínio funcional acelerado.
Um dos desfechos mais preocupantes associados à sarcopenia e à fragilidade é o
aumento do risco de quedas. Estatísticas mostram que mais de um terço dos idosos com mais de 60 anos que vivem na comunidade sofrem pelo menos uma queda por ano, e metade desses indivíduos experimenta quedas recorrentes. As quedas podem resultar em lesões graves, como fraturas, que frequentemente levam à hospitalização, perda de independência e, em alguns casos, até mesmo à morte.
A boa notícia é que a sarcopenia e a fragilidade não são destinos inevitáveis do
envelhecimento. A intervenção, especialmente por meio do exercício físico, pode
desempenhar um papel crucial na prevenção e no manejo dessas condições. A prática
regular de atividade física e a diminuição do comportamento sedentário são estratégias eficazes para desacelerar as perdas físicas e funcionais associadas ao envelhecimento.
Entre as diversas modalidades de exercício, a musculação, ou exercícios resistidos,
destaca-se como a mais eficaz para a melhora da força e potência muscular.

A força muscular é um pré-requisito fundamental para reações posturais rápidas e eficazes em resposta a perturbações externas, sendo, portanto, essencial na prevenção de quedas.
Programas de musculação que focam nos músculos das extremidades inferiores e do
tronco são particularmente importantes para idosos. Esses exercícios ajudam a
neutralizar os fatores de risco intrínsecos de queda, como a fraqueza muscular, e a
melhorar o desempenho funcional em atividades diárias.
É importante ressaltar que a musculação para idosos deve ser sempre orientada por um profissional de Educação Física qualificado. Este profissional será capaz de elaborar um programa de treinamento seguro e eficaz, levando em consideração as condições de saúde individuais, limitações e objetivos de cada idoso. A progressão da carga, o volume e a frequência dos exercícios devem ser cuidadosamente planejados para maximizar os benefícios e minimizar o risco de lesões.
Embora a musculação seja primordial para o ganho de força, um programa de exercícios abrangente para idosos deve incluir outras modalidades que complementem os benefícios e promovam a saúde geral. Exercícios aeróbicos, como caminhada, natação ou ciclismo, são importantes para a saúde cardiovascular e respiratória, além de contribuírem para o controle do peso e a melhora da disposição.
Exercícios de equilíbrio e flexibilidade, como tai chi, yoga ou alongamentos, são cruciais para a prevenção de quedas e para a manutenção da amplitude de movimento nas articulações.

A combinação de diferentes tipos de exercícios em um programa individualizado é a
abordagem mais eficaz para combater a sarcopenia e a fragilidade. Além disso, a adesão a um estilo de vida ativo, com a redução do tempo sedentário, é fundamental. Pequenas mudanças no dia a dia, como preferir escadas a elevadores, caminhar mais e realizar tarefas domésticas ativas, podem fazer uma grande diferença na saúde e funcionalidade do idoso.
O combate à sarcopenia e à fragilidade é um desafio complexo que exige uma
abordagem multiprofissional e interdisciplinar. Além do profissional de Educação Física, outros especialistas, como médicos geriatras, nutricionistas e fisioterapeutas,
desempenham papéis cruciais. O geriatra é responsável pelo diagnóstico e
acompanhamento clínico, o nutricionista pela adequação da ingestão proteica e
calórica, e o fisioterapeuta pela reabilitação e melhora da funcionalidade em casos
específicos. A colaboração entre esses profissionais garante um plano de cuidados abrangente e personalizado, que aborda todos os aspectos da saúde do idoso, desde a nutrição e o exercício até a prevenção de quedas e o manejo de outras condições de saúde. Essa sinergia é essencial para otimizar os resultados e promover um envelhecimento com dignidade e autonomia.
A sarcopenia e a fragilidade são condições que representam um sério desafio para a
saúde dos idosos, mas que podem ser efetivamente combatidas com a intervenção
adequada. O exercício físico, em particular a musculação, emerge como uma ferramenta poderosa na prevenção e no tratamento dessas síndromes, promovendo o ganho de força, a melhora da funcionalidade e a redução do risco de quedas.
É fundamental que os idosos busquem a orientação de profissionais de Educação Física qualificados para a elaboração de programas de treinamento seguros e eficazes. Além disso, a adoção de um estilo de vida ativo e a colaboração com uma equipe
multiprofissional são pilares para um envelhecimento saudável e com qualidade de
vida. Investir no exercício físico é investir na autonomia, na independência e no bemestar dos nossos idosos, permitindo-lhes desfrutar plenamente de cada fase da vida.
Fonte: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2025
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